CLÁUDIA ROMARIZ - Top de Marcas Apucarana 2022 - 16/11/2021
Vivemos na era da informação, somos bombardeados constantemente por mensagens e existe uma guerra pela nossa atenção. Isso não é diferente nos ambientes de trabalho, onde as trocas de informações acontecem no chão de fábrica e na tradicional “radio peão”, seguindo pelos grupos de aplicativos de mensagens e redes sociais. Estamos sempre conectados, mas será que estamos realmente nos comunicando? O trabalho de comunicação interna nas empresas sempre foi importante e agora, essas habilidades podem impactar diretamente a reputação das empresas e não apenas diante dos olhares externos.
Os responsáveis pela comunicação interna de uma corporação enfrentam muitos desafios e devem encarar um processo de aprendizado constante com um único objetivo: fazer com que a comunicação dentro da empresa seja a propulsora de boas atitudes dos colaboradores, gere engajamento e fortaleça a atuação e confiança das equipes. A missão não é apenas dos responsáveis pelos departamentos dedicados à comunicação. Fazer chegar uma informação corretamente aos colaboradores coloca os líderes em uma posição de muita força e responsabilidade. Eles são capazes de fazer toda a diferença, inspirando e fortalecendo a confiança dos times.
Para Cynthia Provedel, fundadora e consultora da Caminho do Meio e professora na ESPM e na Aberje, a evolução se verifica nos canais internos de comunicação, principalmente quando consideramos a diversificação, digitalização e a possibilidade de customização de acordo com as necessidades e perfil de cada audiência. Ela também é mestre em Comunicação pela Faculdade Cásper Líbero e especialista em gestão das emoções pelo Instituto Albert Einstein. “Na medida em que esta mudança ocorre, cresce a complexidade de uma gestão multicanais e a importância de buscar priorização e relevância do que será comunicado, bem como de mensagens-chave e tom de voz alinhados ao diálogo e narrativas organizacionais”, diz.
Evolução
Para a especialista, é fundamental reconhecer o quanto que a comunicação interna tem evoluído no desenvolvimento e implementação de estratégias, embasados por diagnósticos e mensurações consistentes. Isso tem contribuído, continua Provedel, para o alcance dos resultados organizacionais e para a geração de impacto positivo no desenvolvimento das pessoas e no fortalecimento da cultura e das narrativas organizacionais.
A comunicação interna transita nos mais diversos níveis, aconselhando executivos e partes interessadas (os stakeholders internos), influenciando e articulando posicionamentos por meio do diálogo e da negociação para contribuir no encaminhamento de decisões e processos comunicacionais, alinhados aos interesses organizacionais e às necessidades e expectativas dos colaboradores. “Temos visto claramente a contribuição estratégica da Comunicação Interna na transformação organizacional por meio de sua atuação e protagonismo em contextos de crise, de gestão da mudança e de manejo da cultura organizacional”, comenta.
A reputação da empresa acaba ficando nas mãos da comunicação interna que através das narrativas, de uma comunicação efetiva e afetiva e da jornada organizacional estabelece uma relação entre os colaboradores e eles, a sua volta, conseguem atribuir um significado à própria experiência de trabalho ali. “Se o empregado vivencia tudo isso com qualidade, verdade e sentido, maior poderá vir a ser seu envolvimento e comprometimento. Naturalmente, isso contribui para mobilizar e incentivar o agir das pessoas na construção dessa reputação de dentro para fora, de maneira autêntica, espontânea e genuína”, afirma Provedel.
“A comunicação interna transita nos mais diversos níveis, aconselhando executivos e partes interessadas (os stakeholders internos), influenciando e articulando posicionamentos por meio do diálogo e da negociação para contribuir no encaminhamento de decisões e processos comunicacionais, alinhados aos interesses organizacionais e às necessidades e expectativas dos colaboradores”
Um importante desafio para os profissionais da área, continua a especialista, é antes de tudo, compreender a complexidade da função de Comunicação Interna para muito além da gestão dos canais. Junto com os desafios, aumentam as oportunidades, competências e habilidades, algo que demanda uma atenção abrangente e permanente.
Líder comunicador
“Atualmente, uma das principais áreas de competência da comunicação interna é o exercício da influência e aconselhamento junto aos diversos níveis e interlocutores dentro de uma organização”, comenta Provedel. Exercitar a interpretação de cenários, transitar nos mais diversos níveis e navegar em perspectivas variadas, lidando com as ambiguidades e possíveis barreiras, possibilita ao profissional de Comunicação Interna a identificação dos interesses das diferentes partes. “A partir disso, é possível aconselhar, influenciar e articular posicionamentos e pontes que impulsionem diálogos, trocas significativas e desenvolvimento para as pessoas e para os negócios”, diz.
O líder aparece como peça importante nesse processo já que a maneira que ele se comunica tem se mostrado altamente relevante para o fortalecimento da comunicação interna nas organizações. “Trata-se de um ciclo constante no qual o líder exercita seu papel, se autoavalia e/ou recebe feedbacks do time, tem acesso a indicadores corporativos que mostram sua evolução, identifica oportunidades de melhoria e embarca em novos ciclos de aprendizagem, incluindo a autodirigida”, avalia.
Velhos problemas e hábitos ruins devem ser combatidos, mas nunca menosprezados, segundo ela. Ao desconsiderar a comunicação informal, a organização nega as subjetividades que permeiam o ambiente interno e a conversação organizacional. “É fundamental estabelecer mecanismos para mapear e compreender estes fenômenos, bem como definir estratégias para ampliar diálogo e espaços nos quais as pessoas se sintam encorajadas a esclarecer dúvidas, preocupações e compartilhar percepções”, pontua.