Marcas devem entender
seu potencial de transformação
CLÁUDIA ROMARIZ - Top de Marcas Apucarana 2023 - 29/06/2023
De maneira crescente, as pessoas estão conectando seus valores pessoais com marcas e produtos que consomem. Assim, desejam saber como os produtos são produzidos e descartados, quais as condições de produção e de operação dos negócios e quais as reais contribuições das marcas para a sociedade e o ambiente onde operam. Por isso, é imprescindível que as marcas entendam seu potencial de transformação positiva e sejam exemplos para os mercados em que estão inseridas.
A análise de Viviane Mansi, professora de ESG (Environmental, Social and Governance) e executiva da Toyota, que foi considerada a melhor empresa em reputação no setor automotivo no Brasil de acordo com o ranking Merco 2023, ressalta o quanto as pessoas, com mais consciência, se fazem mais e melhores perguntas e cobram suas marcas de fazerem o mesmo. “O tema ESG deve ser considerado por empresas de todos os portes. O que pode mudar é a forma de comunicar”, afirmou.
Como exemplo, Mansi cita a grande empresa que possui clientes em cidades, regiões e países diferentes, com uma cadeira fornecedores mais complexa, em que a comunicação precisará abraçar a todas essas diferenças. Já uma empresa pequena, que se concentra em uma cidade ou bairro, o impacto gerado é menor e poderá adotar uma série de boas práticas para comunicá-las mais facilmente. Ou seja, adotar práticas de ESG independe do tamanho de uma empresa.
“Um mercadinho local pode incluir alguns produtos feitos pela comunidade, separar e reciclar o lixo, doar alimentos perto da data de validade (ou vender a menor custo), incentivar que seus clientes tragam sacolas de casa, contratar mão de obra local, trocar a cobertura do estabelecimento para aumentar a incidência de luz natural e diminuir custo energético. Tudo isso pode ser visto à luz do que costumamos chamar de ESG”, afirmou.
Para se relacionar com consumidores e sociedade, de modo a comunicar atributos e propósitos, as empresas devem utilizar diferentes canais, buscando fortalecer o diálogo com colaboradores, fornecedores, clientes e sociedade. “Manter a comunicação aberta e a humildade para melhorar sempre é o primeiro passo, assim como utilizar canais oficiais corporativos e participar de iniciativas externas para reforçar compromissos é um passo importante para construir reputação”, destacou.
Além da venda de produtos
Massi reforça que as pessoas esperam mais das empresas hoje. “Assumir compromissos que vão além do vender produtos pode ser uma forma de dialogar melhor com os clientes e, mais que isso, de melhorar o mundo em que vivemos. É preciso investir em treinamento e conversas para a abordagem de temas importantes para ajudar na transformação da sociedade”, salientou.
Um equívoco muito comum sobre o ESG, segundo Massi, é pensar que essas práticas dizem respeito somente ao futuro e à garantia de vida das próximas gerações. A aplicação do ESG, de acordo com ela, tem impacto direto no hoje e a sustentabilidade é um dos fatores essenciais que permitem às empresas estarem de pé no presente.
“Os desafios das organizações, sejam elas de pequeno ou grande porte, púbicas ou privadas, são semelhantes e a complexidade exige soluções conjuntas, isto é, a sinergia entre a iniciativa privada, políticas públicas e atores da sociedade. Não dá para pensar em competitividade e, consequentemente, em sustentabilidade, se fizermos somente o básico, focando apenas em resultados de curto prazo. As práticas ESG auxiliam empresas a estarem sintonizadas com a prosperidade do amanhã, a entenderem tendências de comportamento, a serem sensíveis às demandas sociais e ambientais e a conquistarem investimentos mais robustos”, ressaltou Massi.
O ESG, segundo ela, mesmo não sendo sempre reconhecido por essa nomenclatura, ajudou as pessoas a pensarem com mais consciência no impacto que produzem. “Com mais consciência, as pessoas se fazem mais e melhores perguntas e cobram suas marcas de fazerem o mesmo”, concluiu.